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Desenvolvedor brasileiro cria ferramenta gratuita que separa músicas em faixas de voz e instrumentos

Escrito por em 03/12/2019

Batizada de ‘Moises’, ferramenta é gratuita e pode ser usada por DJs para criar samplers, beats ou mashups; ou por quem quiser criar versões karaokê.

Um desenvolvedor de software brasileiro criou uma ferramenta gratuita para facilitar a separação de instrumentos de uma música a partir de um algoritmo que usa inteligência artificial para identificar as frequências de cada instrumento nas faixas. Batizada de “Moises”, em referência ao personagem bíblico que separou o Mar Vermelho, a plataforma está disponível na internet e pode ser usada por qualquer pessoa após um cadastro simples e facilita criação de samplers e versões karaokê.

Segundo o desenvolvedor, que é baterista amador nas horas vagas, a ideia surgiu depois que ele encontrou um algoritmo de código aberto desenvolvido por pesquisadores do serviço de streaming de áudio Deezer, chamado Spleeter, e que permite fazer a separação dos instrumentos de uma música.

“O único problema é que [a ferramenta] não foi feita para ser usada por pessoas que não sejam da área de tecnologia, já que para funcionar, o usuário precisa instalar várias bibliotecas da linguagem de programação Python e outros programas. Com isso em mente, eu tive a ideia de criar um serviço simples que faz esse trabalho de processar os dados do algoritmo do Deezer remotamente, por meio da nuvem. O resultado foi esse projeto, feito em um fim de semana”, explica o desenvolvedor Geraldo Ramos.

Geraldo Ramos trabalha com desenvolvimento de software desde os 17 anos — Foto: Scott Jones/Divulgação

Geraldo é formado em publicidade, em uma faculdade particular de João Pessoa, mas aprendeu engenharia de software sozinho, por influência da mãe, que é desenvolvedora. Junto com amigos, aos 17 anos fundou uma empresa de hospedagem web que funcionou na capital paraibana por 10 anos. Desde 2013 ele mora nos Estados Unidos e atualmente vive e trabalha na cidade de Salt Lake City, como líder técnico de uma empresa de desenvolvimento do estado do Utah.

O projeto do “Moises” foi feito em uma semana, na casa onde ele mora. Para usar a ferramenta, é preciso fazer o cadastro gratuito e acessar, com o e-mail. Em seguida, os usuários podem enviar a música que querem separar, no formato mp3 ou por algum link do YouTube.

Usuários do ‘Moises’ podem enviar músicas em formato mp3 ou um link do YouTube — Foto: Reprodução/moises.ai

Em seguida, é possível escolher em quantas partes os usuários querem que a música seja dividida. É possível criar uma faixa inteira sem bateria; uma faixa inteira sem baixo; uma faixa inteira somente com o baixo, vocal e bateria; duas faixas, sendo uma os vocais e outra a parte instrumental; quatro faixas, sendo vocais, baixo, bateria e outros instrumentos, todas separadas; e cinco faixas, sendo vocais, baixo, bateria, piano e outros instrumentos, todas separadas.

“Muitos usuários cadastrados são DJs, que fazem beats ou mashupsutilizando o sistema, mas também tem muita gente usando para fazer versões karaokê que não existem oficialmente. A separação das pistas da música não é perfeita, mas o resultado varia de acordo com a qualidade do material enviado e o sistema usa o aprendizado de máquina para se aprimorar a cada faixa nova enviada”, explica Geraldo.

Depois de processar remotamente, o sistema envia para o usuário a música dividida em várias faixas. No caso acima, é possível ver faixas de vocal, bateria, baixo, piano e outras. — Foto: Reprodução/moises.ai

Depois que a música é enviada, o sistema processa a faixa, em um servidor na nuvem, e em seguida as pistas separadas são enviadas de volta para o usuário. Na plataforma, é possível ouvir ou fazer o download dos arquivos, em alta qualidade.

O desenvolvedor orienta que apesar do código e da ferramenta serem gratuitos, é importante que os usuários saibam que é preciso ter autorização dos proprietários dos direitos autorais antes de usar o sistema para dividir músicas registradas.

Por enquanto, todo o serviço é gratuito, para difundir a plataforma, mas Geraldo explica que está pensando em melhorar o sistema e depois pensa em limitar o acesso. “Como tudo é hospedado em algum lugar, eventualmente vamos precisar cobrar para poder ter espaço extra de armazenamento, mas a ideia é ter ainda a versão gratuita, talvez com limite diário de uso por número de músicas, por exemplo”, explica.

Ainda de acordo com Geraldo Ramos, o serviço está sendo usado por pessoas de todos os continentes e para ajudar no desenvolvimento, ele convidou outros amigos, que ele conheceu em João Pessoa, para atuar no sistema.

Os brasileiros Eddie Gueiros, que trabalha em São Francisco, na Califórnia, e Herval Freire, que atua em uma empresa de tecnologia na Alemanha, estão ajudando remotamente na expansão do projeto. “Queremos fazer um aplicativo que deve ser focado mais no usuário final que deseja praticar música de alguma forma, além de oferecer opções mais avançadas e outros produtos”, completa.

Visite o Moises em www.moises.ai


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